Torcedores de clube do NE criam torcida LGBTQI+

Jornal O Povo

Vozão Pride é a primeira torcida LGBTQI+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) do Ceará Sporting Club. A nova organizada foi divulgada na noite desta sexta-feira, 24, através das redes sociais.

No perfil oficial da torcida no Twitter, o preconceito com torcedores LGBTQI+ foi lembrado. “Motivo de piada nas arquibancadas e ‘invisíveis’ dentro das quatro linhas, gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros apaixonados pelo esporte se perguntam: eu pertenço a este lugar? É hora de dar voz a essas pessoas, que existem, resistem e não se deixam abater pelo preconceito!”, publicou.

O movimento cita a dificuldade de inclusão deste público no meio do futebol, no qual possui o preconceito enraizado. Cânticos homofóbicos ainda são usados com frequência nos estádios do País como forma de xingamento contra torcedores adversário.

Na Copa do Mundo de 2014, o grito de “bicha” para o goleiro rival ganhou coro. O ato homofóbico seguiu após o Mundial entre as torcidas dos clubes brasileiros. Atualmente, manifestações discriminatórias podem ser passíveis de punição como três pontos perdidos na tabela.

“Desde cedo somos incumbidos a herdar o time da família e, geralmente, nosso primeiro contato com o esporte acontece ainda na infância, através do simples ato de chutar uma bola ou por algo grandioso, como a primeira ida a um estádio. Para alguns de nós, contudo, a relação com o futebol se torna mais difícil com o passar do tempo. Pouco a pouco entendemos seu lado austero e nocivo, pouco inclusivo àqueles que não se encaixam no que é padrão”, diz publicação do Vozão Pride.

Em 2019, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) enviou recomendação para os clubes sobre as atitudes homofóbicas nos estádios. O texto é assinado pelo procurador-geral do órgão, Felipe Bevilacqua.

“É o futebol se adequando aos novos tempos e a situações que não se admitem mais. As análises serão caso a caso, passarão por avaliação de julgadores, mas a tendência é que seja combatida da mesma maneira que o racismo”, diz trecho da recomendação do procurador-geral.