Novo Artigo de DEMÉTRIUS FAUSTINO: Alguns efeitos do novo coronavírus no Brasil

ALGUNS EFEITOS DO NOVO CORONAVÍRUS NO BRASIL

Demétrius Faustino

O enigmático vírus oriundo da República Popular da China, e que causa a infeção COVID-19, surgiu na cidade de Wuhan em 2019 e os primeiros casos da mencionada infecção teriam ocorrido de animais para pessoas. Isto é fato.

No Brasil, desde que esse vírus aqui chegou, a sociedade está em completa ansiedade, sem esquecer do descontentamento com o presidente Jair Bolsonaro, que corriqueiramente tenta considerar de menor importância a gravidade da situação. Basta observar as manifestações postas nas redes sociais e os panelaços ocorridos nas grandes cidades.

Ora, parece-nos que o Messias da gripezinha ou do resfriadinho não ingeriu o fato de que a velocidade do coronavírus tem sido sempre em forma de meia-lua e que seu contágio inicialmente andou a pé, depois a passo de cavalo, em seguida na velocidade de um trem de ferro, de um navio, e nos dias de hoje, anda circulando/voando como aviões supersônicos, fato que não pode ser desprezado pelo capitão presidente.

Portanto, a pergunta do momento é: O que acontecerá quando esse vírus chegar nas Rocinhas da vida? O que acontecerá se o governo federal não tomar as providências devidas? Há quem diga inclusive, que os especialistas estão prevendo um quadro muito pior que o da Itália, e em assim sendo, os hospitais não terão camas, e nas favelas teremos um extermínio deliberado.
E mais, como é possível o isolamento social quando se sabe que milhões de brasileiros não possui metros quadrados necessários? Como manter a distância de dois metros entre o infectado e o não infectado dentro de um barraco? Nessa seara o vírus exibe a fratura exposta da desigualdade social e econômica.
Segundo matéria da Revista Época, “se 300 pessoas forem infectadas com o novo coronavírus, até sete podem morrer. A taxa de mortalidade da infecção, de 2,3% segundo o único grande estudo sobre isso até agora, é similar à da gripe espanhola de 1918, que matou 50 milhões de pessoas — no Brasil e em outros países, e todo mundo que sobreviveu conhecia alguém que morreu. Diz ainda a revista, que a comparação pode parecer catastrofista, e ainda não há motivo para pânico, mas serve de alerta para comprovar que a nova epidemia não se trata de apenas mais uma gripe”.

Enfim, por conta desse vírus, temos que nos contentar com beijos e abraços à distância, e como bem postou no Facebook o jornalista e poeta Fernando Patriota, passada essa tempestade, vamos fazer “A volta do abraço” no Bar do Baiano. Queremos crer que isso deva acontecer.
Pois bem. Terminamos esse artigo, com um trecho de uma crônica de Ignácio de Loyola Brandão para a nossa reflexão:
Me chamam:
– Pai, você por favor não saia. Por nada deste mundo.
– Vô, cuidado, não ponha os pés na rua
– Pai, nem chegue ao elevador.
– Vô, nem passe de porta.
– Pai, lave as mãos o máximo que puder.
– Vô use álcool-gel e sabonete e água.
– Tio, não ponha a mão na boca nem nos olhos.
Começamos a rir, Marcia e eu, lembrando aquelas recomendações que fazíamos aos filhos:
– Voltem até à meia-noite.
(Na minha juventude, 18 anos, o limite era dez da noite)
– Cuidado com as companhias.
– Não fiquem de madrugada namorando no portão.
– Não bebam.
– Não dirijam se beberem.
E às crianças recomendávamos: tire a mão suja da boca. Eles odiavam as precauções nossas. Hoje amamos as precauções deles. Algo está mudando.
Mas precisava ser assim?
João Pessoa, março de 2020.
OBS: ESTE TEXTO NÃO CONTÉM CORONAVÍRUS.