BICENTENÁRIO – Confira o novo artigo de DEMÉTRIUS FAUSTINO

BICENTENÁRIO

 

Demétrius Faustino

 

Depois de completar mais um ciclo de muita atividade, resultado de cálculos exatos que não podem e nem devem falhar, nosso planeta chamado de Terra, muito embora 70% de sua superfície são cobertas de água, e nossa fonte de luz e de vida, que é o Sol, parceiros de sempre, eis que surge o ano de 2022, e o nosso Brasil entra em processo de deflagração para celebrar o seu Bicentenário da Independência, apesar de que cientistas já afirmam que o país não é bem-aventurado com esse tipo de data, já que o primeiro centenário, em 1922, teve-se que conviver com os restos da devastação causada pela gripe espanhola, chegada em 1918.   Sem esquecer que esse ano de 1922 foi ainda estigmatizado pela primeira revolta tenentista e pela decretação do estado de sítio pelo presidente Epitácio Pessoa, cujo objetivo era assegurar a posse do presidente eleito, Artur Bernardes. 

O que tivemos de bom naquele ano, cremos, foi a Semana de Arte Moderna, evento que reuniu diversos tipos de arte, tornando-se o início do movimento modernista e referência cultural do século XX, ocorrido precisamente no mês de fevereiro, no Teatro Municipal de São Paulo.

A possível comemoração do segundo centenário do Brasil independente, a ocorrer neste ano não será diferente, pois chegará no rastro de outra pandemia, que é a famigerada covid-19, chegada ao País em 2020 e que ficou marcada pelas perdas, porquanto já ceifou mais de 620 mil vidas no Brasil até o momento atual. Aliado a isto, o país respira um engessado e ao mesmo tempo alvoroçado mandato presidencial, que só germinou incertezas sobre a durabilidade de nossa jovem democracia, tirando um pouco da confiança no porvir, e a insensibilidade de um presidente diante do sofrimento alheio, agigantando o drama social do desemprego, da desigualdade, da exclusão, e da fome.

Segundo dados do IBGE, o auxílio emergencial concebido para atender os mais carentes, adicionado aos recursos do agora extinto Bolsa Família, abarcou cerca de cem milhões de pessoas. Ou seja, quase a metade da população. Entretanto, o Congresso fica inerte, e não dá prioridade para validar medidas redistributivas de renda.

É de se perguntar:  Por onde anda o princípio da dignidade humana? 

Sem olvidar que, como o segundo século do Brasil independente se completará em 7 de setembro próximo, as eleições talvez não favoreçam o melhor clima para as comemorações, em razão das fagulhas e/ou turbulências políticas que certamente irão ocorrer.

Mas o fato é que esse registro histórico, merece e deve ser usado como oportunidade para uma avaliação dos 200 anos de nossa vida independente; o quão independente o país se tornou política e economicamente desde a independência, e não para ficar sempre imaginando que “O Brasil não tem jeito”.  É preciso desapegar-se da nossa demência coletiva, examinar a natureza do caminho percorrido, verificar onde acertamos, onde erramos, como chegamos à atual situação, e indagar sobre o que nos pode esperar no futuro próximo.

Esperamos que com a chegada do bicentenário da nossa independência, muitos também possam se tornar independentes da ignorância, da mediocridade, do ódio, das mentiras, das falsidades e de tudo o que é feio e chulo, mas que prepondera nos últimos anos.

É hora de soltar um grito de brasilidade, e recolocar o Brasil no rumo certo, já que a pandemia exibiu ao mundo um quadro trágico e melancólico desta sétima economia mundial, rebaixada para a décima segunda ou décima terceira.

João Pessoa, janeiro de 2022.