Artigo de Demétrius Faustino – Por que o Flamengo-escreve Zé Lins do Rêgo

Por que o Flamengo? “Há no Flamengo” – escreve Zé Lins do Rêgo – “esta predestinação para ser, em certos momentos, uma válvula de escape às nossas tristezas. Quando nos apertam as dificuldades, lá vem o Flamengo e agita nas massas sofridas um pedaço de ânimo que tem a força de um remédio heroíco. Ele não nos enche a barriga, mas nos inunda a alma de um vigor de prodígio”.

Milhares de torcedores flamenguistas se aglutinam na cidade de Lima no Perú, e com essa paixão que faz corpos se agitarem, o clima serve como objeto de pensamento. Quem vai ser o campeão da Libertadores da América 2019?
Por um lado, e assim como em 1981, o Flamengo, que dentro da contextualização e da análise das partidas jogadas, mostram um time que foi ganhando encaixe ao longo da temporada, está impondo respeito, e continua na luta incansável para resgatar aquele momento em que o clube sagrou-se campeão da Libertadores da América. E neste novo cenário, o River Plate representa o último passo na consumação do sonho do rubro negro carioca.
Por outra banda, o Club Atlético River Plate, estereotipado como o time da elite portenha, tem um time igualmente forte, e vai querer dissecar a forma pela qual as jogadas do clube mais brasileiro de todos são construídas, como a movimentação de Éverton Ribeiro, conduzindo a partir da direita; a mobilidade do pelotão de frente, sempre se movimentando; e a compactação ofensiva que permite que o time fique sempre com a bola.
Na história desse evento futebolístico, as equipes se cruzaram em apenas duas edições. A mais recente ainda está flash na memória, com os empates na fase de grupos de 2018.

Já o primeiro encontro oficial ocorreu justamente quando Zico e companhia ostentavam a faixa no peito. Em 1982, os galalaus se encararam no triangular semifinal da Libertadores. O Flamengo levou a melhor em ambos os jogos.
O duelo entre Flamengo e River, na verdade, tinha sido adiado em um ano. As duas equipes poderiam muito bem ter se enfrentado na Libertadores de 1981. Porém, o Deportivo Cali baldou os planos dos argentinos na fase inicial, mais conhecida como fase de grupos.
Nessa final, o time que estiver inspirado no lema disciplina, bola no pé e idéias na cabeça, e a dosagem juventude e experiência, sairá vencedor.
Apelemos também para que desta feita Jorge Jesus tenha mais sorte nessa competição pois é a sua terceira final. Nas duas, perdeu uma nos penáltis e a outra aos 92 minutos.

Em nosso modesto entendimento, se o clube argentino se retrancar, o Flamengo é especialista em furar, retrancar e quebrar sistemas defensivos porque sempre está em movimento, trocando passes no centro até tocar para um jogador, aberto, fazer o cruzamento.
Vai ser um jogo espetacular, um verdadeiro “documento histórico esportivo”, e que todo torcedor do Flamengo deve assistir e guardar no coração.
Se a taça vier, e cremos, choremos, e choremos muito, e que as lágrimas rolem como no samba, pois vou chorar como há trinta e oito anos.
O pranto é livre. Ou como dizia Lulinha Rodrigues O choro é livre.
João Pessoa, Novembro de 2019.