No dia três de julho de 1954, na pequena cidade de Barra de Santana, estado da Paraíba, nasceu o polivalente João Jacinto Barreto, o popular meia – esquerda “Dão”. Com apenas seis meses de idade ele foi morar na cidade de Campina Grande e, em 1969, já integrava o quadro de aspirantes do Campinense Clube. Em 1970 o rubro-negro não participou do campeonato paraibano organizado pela FPF, e sim de um campeonato denominado de Mistão, junto com as equipes do Treze, América de Esperança, Tabajara de Alagoa Grande e outras equipes do Brejo. Ao final daquela competição, conquistada pela Raposa, surgia uma geração de jogadores vencedores que iriam dar bastante alegria aos seus torcedores.
Em 1971, Dão já fazia parte daquela geração predestinada ao sucesso, um plantel prata da casa, que sob os comandos iniciais de Zezinho Ibiapino, e posteriormente de Zé Lima – ambos, ex-jogadores do clube – iriam colocar muitas faixas no peito e levantar seguidas vezes taças e troféus: Eram os garotos de Zé Pinheiro, supervisionados, pelo então jovem e promissor José Santos.
No início da carreira Dão jogava de lateral direito e era reserva de Miro, estando no banco naquela decisão espetacular, vencida de virada em cima do Botafogo – então tri-campeão – por dois tentos a um, em jogo disputado no antigo estádio Olímpico do Boi Só; gols marcados por Ferreira, para o Belo, Toínho Macau e Edgar para a Raposa. Este título serviu de alicerce e afirmação para os seguintes e sucessivos que viriam.
Em 1972, já sob o comando técnico de Zé Lima, Dão foi efetivado na meia-esquerda do time e passou a ser peça chave daquela geração vitoriosa. Ganharam o bi-campeonato em cima do Treze, dentro do Presidente Vargas. Dão foi escolhido o melhor atleta da competição em sua posição.
Neste mesmo ano de 1972, os garotos de Zé Pinheiro conquistaram o vice-campeonato da Copa Norte Nordeste, ao perderem nas penalidades máximas para o Sampaio Correia, jogo realizado no estádio Nhozinho Santos, em São Luis do Maranhão. Até hoje não se sabe qual o motivo da partida final ter sido jogada na terra de José Sarney, pois a equipe paraibana havia realizado uma campanha bem superior e conseguido somar mais pontos do que o clube boliviano. Coisas do nosso futebol.
A história se repetiu em 1973, com o tri-campeonato, tendo como decisão da competição o clássico dos maiorais Campinense e Treze, e a raposa venceu por três tentos a zero, sendo o primeiro gol marcado por Dão, encobrindo o goleiro Pereira. E como não poderia deixar de ser, foi o nosso homenageado, novamente, escolhido pela crônica como o melhor meia – esquerda da temporada.
E como diz o ditado popular, em time vencedor não se mexe. E foi assim na temporada de 1974, com Zé Lima como técnico, Zé Santos como supervisor a mesma equipe partiu para cima dos adversários, vencendo todos e conquistando o tetra-campeonato, mais uma vez em cima se seu maior rival, o Galo da Borborema. Novamente Dão marcou no jogo final vencido por dois a um.
Em 1975, mantendo a mesma equipe, treinador e supervisor, já nos gramados dos estádios novos – o nosso homenageado participou da partida inaugural do Amigão – aquela geração inigualável conquistou o penta-campeonato, título que foi dividido com o Botafogo da capital. Registre-se, que Dão foi penta campeão participando das cinco competições e possuindo apenas 21 anos de idade.
Em janeiro de 1976, aquele ainda jovem na idade e experiente dentro das quatro linhas, que sempre dispensou muito amor e dedicação ao clube, momentaneamente se afastou da raposa e assumiu como funcionário do Banco do Brasil, pois naquela época futebol era jogado com muita técnica, disposição e suor… mas financeiramente não compensava para os seus protagonistas.
Em 1977, para alegria e satisfação do torcedor paraibano e em especial da raposa, Dão conseguiu ser transferido para Campina Grande e conciliar o seu trabalho no banco com o futebol, jogando mais uns dois anos com o manto rubro-negro. Porém já não havia o entrosamento, a cumplicidade e o amor do início da década, os tempos eram outros.
Em 1982, a convite, disputou o campeonato brasileiro com a camisa do Treze Futebol Clube, sendo um dos destaques daquele time do galo. Foi quando resolveu abandonar os gramados e dedicar-se mais ao seu futuro no Banco do Brasil. Com as cores do BB ele também foi vitorioso nas quadras de futebol de salão.
Hoje, com a experiência de quem já esteve dentro das quatro linhas – jogando como lateral, meia e até de centroavante – servindo, armando e marcando bonitos e decisivos gols, Dão comenta futebol nos microfones da potente Rádio Cariri de Campina Grande.
Para nós torcedores, cronistas e desportistas ficou a certeza de que João Jacinto Barreto, o popular “Dão”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano.