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Dia 30 de outubro de 1988. Há exatos 30 anos, Ayrton Senna conquistava seu primeiro campeonato mundial de Fórmula 1 ao fazer uma impressionante corrida de recuperação e vencer o GP do Japão, deixando o rival Alain Prost com o segundo lugar.
Aquele Grande Prêmio no circuito de Suzuka foi só um dos inúmeros momentos marcantes do piloto que conquistou o povo brasileiro com seu talento e sua personalidade.
O esporte verde-amarelo tem muitos nomes importantes, como Pelé, Oscar Schmidt, Hortência, Marta… Mas não é nenhum absurdo dizer que o maior ídolo do país é o paulistano que ‘voava’ nas manhãs de domingo.
1- Talento fora do comum
Não tem como fugir: para chamar a atenção do público e alcançar o patamar de ídolo, é preciso muito talento. E isso sobrava para Ayrton Senna. Não à toa a rede britânica BBC o elegeu, em 2012, como o maior piloto de todos os tempos.
O brasileiro deixou inúmeros exemplos na pista de que era realmente de outro mundo. Entre eles, destaca-se a primeira volta no GP da Europa de 1993, quando largou mal e caiu para a 5ª colocação, mas deu um verdadeiro show na chuva e ultrapassou quatro carros – entre eles as duas Williams, que eram teoricamente melhores – para abrir a segunda volta na liderança.
Não há como se esquecer também de sua primeira vitória em casa. Em 1991, já campeão mundial, Ayrton finalmente subiu no degrau mais alto do pódio no Brasil após ter problemas no câmbio e terminar a corrida usando apenas a 6ª marcha.
2- Sem concorrência do futebol
O Brasil se considera o país do futebol e é difícil concorrer com os ídolos produzidos pelo esporte da bola nos pés. Entretanto, Senna viveu numa época em que a seleção viveu uma de suas piores fases em termos de resultados.
Desde o tricampeonato em 1970, a “Amarelinha” ficou 24 anos sem levantar a Copa do Mundo, amargando derrotas e alguns péssimos Mundiais. Carente de títulos, a torcida festejou ainda mais o automobilismo, no qual Senna e Piquet deram seis conquistas num período de 11 anos.
3 – Campeão das pesquisas
É o povo quem diz – e em diferentes épocas. Em pesquisas feitas por agência MPM (1988), O Globo (1991), SBT (2012) e Datafolha (2014), por exemplo, Senna foi eleito como o maior ídolo brasileiro.
E também concorda quem entende do assunto. Em 2015, o próprio Comitê Olímpico Brasileiro fez uma enquete com os 589 atletas do país no Pan-Americano de Toronto e o resultado não foi diferente.
4- A morte ao vivo
Poucas coisas impactam tanto o ser humano quanto a morte. Imagine ela ao vivo, transmitida pela televisão e coberta em tempo real por diversos repórteres, atualizando a luta pela vida de um ídolo para toda a população brasileira.
A morte de Senna foi também um espetáculo midiático de grande proporção que se tornou objeto de estudo para pesquisas científicas sobre as narrativas da imprensa e o processo de construção de um ídolo nacional.
5- Funeral de herói
O impacto da morte nas pistas, enquanto “defendia” a bandeira brasileira, se mostrou quando o corpo de Senna retornou ao Brasil. Seu funeral em São Paulo foi digno de um herói e a adesão popular dá a medida de sua idolatria.
Mais de 1 milhão de pessoas foram às ruas para se despedirem do piloto, cujo caixão foi transportado pelas avenidas num carro de bombeiro.
6- Além das pistas
Embora não quisesse divulgar suas ações sociais, Senna era também um filantropo. Preocupado com a desigualdade social e pobreza em seu país, fez diversas doações para melhorar a vida dos mais necessitados. Após sua morte, sua irmã, Viviane Senna, deu continuidade ao projeto do piloto e fundou o Instituto Ayrton Senna, que leva o legado do ídolo e é uma das maiores referências em termos de organizações não governamentais no Brasil.
7 – Ídolo em outro esporte
Ele nunca fez um gol numa partida profissional, mas é ídolo de um clube de futebol. A importância de Senna é tão grande que a torcida do Corinthians tem nele um verdadeiro símbolo pelo simples fato dele ser corintiano.
Não é raro ver organizadas do clube ostentando bandeirões que homenageiam o piloto, além do próprio clube ter criado recentemente um uniforme em homenagem ao tricampeão mundial de F1.
8 – Tributos
A presença de Ayrton Senna se faz sentir por todo o Brasil: são ruas, praças, monumento, túnel e até rodovia em homenagem ao piloto. Os mais famosos ficam em São Paulo, como o túnel Ayrton Senna, que passa sob o Parque do Ibirapuera, e a Rodovia Ayrton Senna, que se estende por quase 50km. De acordo com levantamento da ProScore, ele é o segundo paulista com mais homenagens por todo o Brasil, ficando atrás apenas de Monteiro Lobato.
9- Marca Senna
“Como tudo na vida, as pessoas se vão, mas as ideias ficam.” Em 1993, Ayrton Senna descreveu assim a criação da sua marca, que surgiu a partir da sugestão de um amigo.
Ainda nos anos 90, o piloto já tinha a noção de algo que hoje se vê como natural: a importância do marketing. Seguindo essa linha, criou também o personagem infantil Senninha em 1994.
10 – Humano
Para que a idolatria aconteça, o povo precisa se identificar com o herói. E isso definitivamente acontecia com Senna, que exaltava o melhor dos brasileiros, mas também cometia seus erros como qualquer humano.
Em 1990, no GP de Suzuka, Senna não gostou de ter que largar do “lado sujo” da pista mesmo fazendo a pole position. Seu eterno rival, Prost, largou melhor e o ultrapassou, mas viu o brasileiro tocar na sua roda traseira, tirar os dois carros da corrida e garantir o título numa manobra para lá de polêmica.