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Representantes de Flamengo e Ministério Público estiveram reunidos nesta segunda e deram o pontapé inicial no processo de indenização das vítimas do incêndio que atingiu o alojamentos das divisões de base do clube, no dia 8, no Ninho do Urubu. O departamento jurídico da Gávea reuniu documentos, incluindo os contratos de formação dos dez jovens mortos e dos 16 atletas sobreviventes, e apresentou à Defensoria Pública cálculo inicial do valor a ser pago.
Segundo o portal “Globoesporte”, o Ministério Público fez uma contraproposta e aguarda a resposta do Fla até o fim de semana. Outros órgãos públicos, como Defesa Civil e Ministério do Trabalho, estiveram presentes no encontro desta segunda-feira. A idade das vítimas, o tempo da carreira e salário de jogadores de futebol foram pontos levados em consideração. Os valores são sigilosos.
Depois do cálculo inicial, caberá ao clube e MP prepararem as indenizações de acordo com as consequências sofridas por determinada vítima. Ou seja, um valor para os familiares dos 10 mortos, outro valor para sobreviventes com sequelas permanentes e um terceiro valor para sobreviventes sem lesões. Com essa definição entre Flamengo e Ministério Público, as respectivas propostas são apresentadas às partes envolvidas, podendo ou não serem aceitas.
O apoio amplo e irrestrito aos sobreviventes e familiares foi colocado como prioridade pela direção do Fla desde o trágico acontecimento. Um comitê de gestão de crise foi instaurado na Sede da Gávea. Os custos de traslado das famílias para o Rio, assim como a hospedagem e as despesas do transporte de todos os corpos das vítimas para as cidades natais, foram pagas pelo clube.
O incêndio no alojamento nas divisões de base aconteceu no dia 8 de fevereiro e vitimou 10 atletas do Flamengo, de 14 a 16 anos. Três jogadores precisaram ser internados – Cauan Emanuel e Francisco Dyogo já receberam alta médica -, sendo que Jhonata Ventura segue aos cuidados do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital Municipal Pedro II. O quadro do jovem é estável. Além deles, treze jovens escaparam do incêndio sem qualquer tipo de ferimento.
No dia 13, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro determinou a suspensão de todas as atividades das categorias de base no CT George Helal, o Ninho do Urubu, proibindo a entrada, permanência ou participação de qualquer criança ou adolescente no local até julgamento do mérito. A decisão é do juiz Pedro Henrique Alves, da 1ª Vara da Infância da Juventude e do Idoso.
Em caso de descumprimento, está prevista multa única no valor de R$ 10 milhões em relação ao Clube de Regatas do Flamengo e multa única e concomitante no valor de R$ 1 milhão ao presidente Rodolfo Landim. A decisão do TJ-RJ foi liminar parcial em ação civil publica do MPRJ que corre desde 1 de abril de 2015. Cabe recurso ao Flamengo em segunda instância.
A decisão está sendo respeitada. Após o incêndio, as atividades da base foram e a expectativa para que os jogadores se reapresentem na quinta-feira, dia 21. Contudo, sem a estrutura do Ninho do Urubu, a operação com atletas de fora do Rio de Janeiro deve permanecer suspensa. O clube entende que não há condições de receber centenas de atletas da base em outro local que não o CT.
No dia 15, após a segunda reunião entre Flamengo e autoridades, a Prefeitura do Rio de Janeiro reforçou o o pedido de interdição do local, já feito em 2017. Apesar disso, o elenco profissional treinou no Ninho do Urubu no próprio dia 15, no dia 16 e voltou a trabalhar no CT nesta segunda, dia 18. O clube entende que a utilização diurna dos campos não “representa qualquer risco” e reforça que não está havendo utilização noturna de nenhuma estrutura do local.
O Flamengo se pronunciou em três momentos desde o trágico episódio. No dia do incêndio, o presidente Rodolfo Landim fez um emocionado – e curto – pronunciamento à imprensa na entrada do CT. O mandatário classificou o caso como “a maior tragédia nos 123 anos do Clube de Regatas do Flamengo”.
No dia seguinte, na Sede da Gávea, quem falou foi o CEO Reinaldo Belotti, que coordenou o comitê de gestão de crise desde o início. O executivo reforçou a prioridade do clube no suporte amplo e irrestrito às vítimas e familiares e, com base em documentos, garantiu que o incêndio nada teve a ver com as condições da estrutura do alojamento das divisões da base no CT George Helal.
Nestes dois primeiros momentos, o clube não abriu espaço para perguntas. No dia 15, Rodrigo Dunshee, vice-presidente e vice-jurídico do Rubro-Negro, falou rapidamente após a reunião com os órgãos públicos e ressaltou que a atual gestão assumiu o poder apenas no começo de 2019. Após o pronunciamento, porém, Dunshee se irritou com as perguntas e retirou-se, dando fim à coletiva.