VEXAME DO FUTEBOL BRASILEIRO – Artigo de Demétrius Faustino

VEXAME DO FUTEBOL BRASILEIRO

Demétrius Faustino

O Brasil, está encarando um cenário doloroso no futebol, onde, inclusive, envolve o futuro das novas gerações: A seleção brasileira masculina está fora das Olimpíadas de Paris.
E não é só isto: A seleção principal está em sexto lugar nas eliminatórias para a classificação para o Mundial de 2026, que será realizado no Canadá, nos EUA e no México, e que, se não melhorar sua performance, poderá ficar fora pela primeira vez na história do Mundial. Há uma sensação de que o nosso futebol está ligado ao desânimo ou à derrota.
Esses péssimos resultados, indubitavelmente, exprimem a bagunça no planejamento das atividades futebolísticas a começar pela CBF, respingando pelos estados e refletindo na própria gestão dos clubes, com exceção do Flamengo, que hoje é exemplo de inovação e gestão responsável.
O Corinthians é o maior exemplo: Sofreu cinco derrotas seguidas e hoje é o 4º colocado do grupo C do Campeonato Paulista. Este é o início de temporada do Corinthians em 2024, um dos seus piores nos últimos anos, correndo o risco de rebaixamento.
Estamos distantes da gestão de clubes ingleses, espanhóis e alemães, remodelados em empresas rentáveis, muito diferente da gestão dos clubes brasileiros, subjugados pela cartolagem, com outros interesses. É necessário despolitizar o futebol, a começar pela Confederação Brasileira de Futebol, que desde 1989 é comandada pelo mesmo grupo, sem nenhuma oposição expressiva.
Sem esquecer da corrupção, e dos interesses políticos dos personagens que participam dos bastidores do futebol brasileiro. Um dos grandes exemplos disso é o ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira. O dirigente construiu seu poder em cima de três patamares: o parentesco ilustre com João Havelange (ex-presidente da FIFA e também envolvido em muitos casos de corrupção e favorecimentos políticos); a força da seleção brasileira e o suporte às federações estaduais.
No final dos anos 1990 e começo dos 2000 foram feitas tentativas para que se abrisse a caixa preta que guardava os segredos das relações entre a Confederação Brasileira de Futebol e a Nike. A iniciativa foi formalizada por deputados em uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Câmara Federal. Entretanto, o resultado, apresentado na forma de relatório, foi publicado no livro CBF-Nike, mas ficou fora de circulação por iniciativa do próprio presidente da entidade na ocasião, Ricardo Teixeira.
Na verdade, temos que saber que a história nunca é a mesma ao longo do tempo e que o que é bom hoje pode não ser mais amanhã. É o caso do futebol brasileiro, que um dia já foi considerado como um celeiro de craques, e hoje vem passando por um momento turbulento. Há quem diga que o futebol brasileiro, daqui a quatro anos, se não fizer uma mudança radical, vai falir.
No fator jogador, há 14 anos não comemoramos a eleição de um brasileiro como o melhor do mundo. O último foi Kaká, na temporada de 2007. Neymar ainda entrou em algumas listas recentes, mas jamais conseguiu o primeiro lugar.
É fato que os melhores jogadores jogam na Europa. Os fãs de futebol têm percebido um fenômeno que tem ganhado força nos últimos anos: a decadência da qualidade e interesse dos brasileiros no futebol praticado nos campeonatos nacionais do país e o crescimento do interesse nos campeonatos europeus. Se antes o sonho dos meninos da base era ser ídolo do Vasco, Flamengo ou Fluminense, hoje o sonho é vencer a Premier League com o Chelsea, a Série A com a Juventus e a UEFA Champions League com o Barcelona.
Enfim, seja nos debates esportivos da televisão, seja nas rodas de conversa entre amigos e nas colunas de jornais fala-se já há bastante tempo que o futebol brasileiro está passando por uma crise. O 7 x 1 sofrido pela seleção brasileira nas semifinais da Copa do Mundo de 2014 em pleno Mineirão contra a Alemanha só reforça essa teoria.
João Pessoa, março de 2024.