UMA CRÔNICA PARA MARCOS MEDEIROS, MINHA ÚLTIMA HOMENAGEM – Por Raimundo Nóbrega – Memória do Botafogo Paraibano

MEMÓRIA DO BOTAFOGO PARAIBANO
por Raimundo Nóbrega

UMA CRÔNICA PARA MARCOS MEDEIROS
MINHA ÚLTIMA HOMENAGEM

Marcos Medeiros da Silva nasceu em 07 de novembro de 1952. Conterrâneo de Chico Cesar que, na música “Beradêro”, homenageia sua linda cidade. A letra é mais ou menos assim:

Os olhos tristes da fita,
Rodando no gravador.
Uma moça cosendo roupa
Com a linha do Equador.
E a voz da Santa dizendo
O que é que eu tô fazendo
Cá em cima desse andor?

E foi assim que seus pais, Francisco Pereira de Medeiros e Maria Patrocínio de Medeiros, 12 anos depois do nascimento de Marcos, decidiram morar em João Pessoa. E fixaram residência no centro da cidade, no Cordão Encarnado, a parte alta do Varadouro.

Marcos continuou seus estudos e não deixava de jogar peladas nos campinhos ainda existentes naquela região. Como também passou a frequentar o SESI, onde jogava futsal e futebol de campo. Foi aí que o Tenente Vitanael, atleta amador do Botafogo, seu vizinho, assistindo um jogo do garoto Marcos Medeiros, então com 15 anos, resolveu levá-lo para fazer testes no nosso querido Clube.

O Departamento Amador do Botafogo era dirigido por Luiz de Carvalho, antigo fundador e proprietário da “Livraria do Luiz”. E o seu técnico era Aluizio Ventola. E foi assim que Marcos Medeiros se tornou atleta infanto-juvenil do Belo, em 1967.

Em paralelo, Marcos também jogava futsal. Seu primeiro título de Campeão, ainda com 15 anos, foi pelo Riacho Forte, na Seleção de Bairros da Copa Arizona. Seu técnico de futsal era Pedrinho Sapateiro.

Pelo Botafogo se tornou triCampeão Juvenil e, mais tarde, foi, também, Campeão nos juniors do Belo.

Finalmente Marcos Medeiros chega ao time profissional do Botafogo. Largou um pouco o futsal para se dedicar ao futebol.

A memória de um Clube de futebol não é feita se homenageando apenas os ídolos, os grandes craques, os grandes artilheiros. Não. Para Chico Matemático se tornar o maior artilheiro da história do Belo, com 117 gols, era preciso alguém na retaguarda para garantir vitórias, para não levar gols. E Marcos, por coincidência, era contemporâneo de Chico Matemático.

Marcos Medeiros era um zagueiro viril, sem muita técnica. Do estilo “da barriga pra cima tudo é canela”. Além de tudo, não deu muita sorte. Disputou a posição de lateral esquerdo, primeiro com a lenda Zezito. Depois, com o craque Fantick. E finalmente com Evandro, um garoto da base do Sport que aqui chegou em 1975.

Mas Marcos tinha uma vantagem. Era polivalente. De 1973, com 21 anos, ao sair dos juniors, até 1975, Marcos Medeiros foi de lateral direito, jogou de zagueiro direito e esquerdo, e jogou como lateral esquerdo. Por isso foi bem aproveitado pelos técnicos, principalmente entre 1973 e 1974.

Assim, Marcos Medeiros, em 1973, teve o privilégio de jogar no nosso time, ao lado do Campeão Mundial Mané Garrincha, quando o anjo das pernas tortas foi homenageado aqui na Graça, pelo Botafogo.

Finalmente, em meados de 1975, Marcos Medeiros, incomodado por não ter se firmado como lateral esquerdo titular do Belo, e por ter sido aprovado no vestibular de Educação Física na Universidade, resolveu se transferir para o Santos de Tereré, e voltava a jogar Futsal.

Marcos foi bancário, trabalhando no Bradesco, no Itaú e no BEMGE – Banco do Estado de Minas Gerais. Obteve vários títulos de Campeão como atleta do Futsal paraibano, se destacando no Esporte Clube Cabo Branco. O mais importante de todos foi o título de Vice-Campeão Brasileiro de Seleções Universitárias.

Marcos Medeiros foi funcionário do Clube que ama, onde se tornou Segurança por algum tempo.

Sim, faltou dizer o nome da cidade onde Marcos Medeiros nasceu. Deixo pra o poeta Chico Cesar finalizar, concluindo a letra de sua música Beradêro…

Catolé do Rocha,
Praça de guerra.
Catolé do Rocha
Onde o homem bode berra

Descanse em paz, Marcos

Pra cima deles, Belo!