A frase acima citada foi cunhada pelo conceituado NELSON RODRIGUES, escritor, jornalista, romancista, teatrólogo, contista e cronista esportivo. Um intelectual brasileiro bem acima da média, respeitado de norte a sul deste país e amado pela torcida do Fluminense Futebol Clube. Ele foi um apaixonado pelo tricolor das Laranjeiras.
Pois bem. Segunda-feira passada, precisamente no dia 24 de março do corrente ano, o senhor Ednaldo Rodrigues foi reeleito para presidir a Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, em uma eleição por aclamação onde todas as 27 federações e clubes (séries A e B) com direito a voto no pleito sacramentaram o seu nome. A sua candidatura foi única e ele foi reeleito por unanimidade.
Poucos dias antes da eleição, Ronaldo Luís Nazário de Lima, o popular RONALDO FENÔMENO, desportista que ficou rico com o seu esforço e competência, ex-jogador vitorioso, que muito contribuiu para aumentar a popularidade de nosso país no mundo, desistiu de concorrer ao cargo pelo simples fato de não ter sido sequer recebido pelos membros desse obscuro colégio eleitoral para mostrar as suas ideias, experiências e planejamento.
Só para lembrar aos estimados leitores, Ronaldo Fenômeno foi escolhido pela FIFA por três vezes o melhor jogador do mundo. Recebeu a chuteira de ouro da UEFA. Foi agraciado com a Bola de Ouro FIFA da copa do mundo em 1998. Foi presenteado com a Chuteira de Ouro FIFA da copa do mundo 2002. Por três vezes foi escolhido o melhor jogador do mundo pela revista World Soccer. Foi nomeado Embaixador da ONU. Foi recebido por Reis, Rainhas e presidentes de grandes nações. Sim, o ex menino pobre do subúrbio carioca que começou a sua brilhante carreira no São Cristóvão Futebol e Regatas não pôde ser recebido pelos “ilustres eleitores” com direito a voto na CBF.
Dizem, não posso afirmar, que o dinheiro é a plataforma de campanha da eleição na CBF e dos seus unânimes e conceituados seguidores/eleitores. O luxo, as benesses e as regalias são mantidos religiosamente com e para todos. Concomitantemente, temos uma infinidade de equipes tradicionais e históricas fechando as suas portas, falta de calendário para as equipes denominadas pequenas e as torcidas (des)organizadas se matando nas ruas. Se não bastasse tudo isso, temos ex-jogadores vivendo de vaquinhas de amigos, outros sem condições de fazer um simples raio X. Campos de futebol sendo extintos e o futebol de base nas mãos de, salvo exceções, pessoas desprovidas de conhecimento e sem escrúpulos. Tudo isso acontece sem um pronunciamento das autoridades constituídas, ao contrário, há um silêncio ensurdecedor.
Não falarei do reflexo dessas bizarras administrações na nossa desastrosa seleção principal que no passado conquistou 05 campeonatos mundiais, pois ainda não acordei dos 7 x 1 alemão, dentro de casa e em uma copa do mundo. No caso específico do nosso futebol, concordo plenamente com a expressão cunhada por Nelson Rodrigues, quando ele disse que “Toda unanimidade é burra”, eu apenas acrescentaria a essa frase que às vezes ela também é criminosa.
SERPA DI LORENZO