SALÃO CULTURAL SÃO JOSÉ – Novo artigo de Demétrius Faustino

SALÃO CULTURAL SÃO JOSÉ

 

Demétrius Faustino

 

Lidar com as diferenças culturais requer paciência, e disposição para compreender e respeitar os valores de cada pessoa, de cada local, notadamente quando se trata de um ambiente que não está acostumado a estar aberto a novas experiências e a sair da sua zona de conforto. 

Pensando nisso, há tempos, e em forma de um sonho antigo, a ideia de se criar um ambiente cultural em nossa Jatobá se fortaleceu, e com isso resta criado o Salão Cultural São José, entidade cultural ou espaço de memória como queiram denominar, cujo idealizador é o professor, historiador e escritor José Marconi Gomes Vieira. 

Como mencionado, graças a esse sonho antigo, esse espaço se torna realidade, e o que é mais desafiador: num lugar que ainda não conseguiu se livrar do peso e das amarras de uma cultura ainda capenga costuradas pela rota do tempo, por falta de uma política que pensasse efetivamente no destino que a cidade precisava, a exemplo do investimento cultural. 

Mesmo assim, o professor Marconi, com atitude visionária, conseguiu pensar de maneira diferente dos que estão à sua volta, dando sempre um passo corajoso e decisivo em direção a esse sonho.

Foi também graças ao historiador Deusdedit Leitão, ao publicar a obra – “São José de Piranhas – Notas para sua História”, que o interesse do historiador Marconi pela preservação de nossa memória histórica, através de escritos, fontes iconográficas, documentos, entre outros, despertou mais e mais. 

A criação desse salão é tão imprescindível para São José de Piranhas, cidade cuja especulação imobiliária conseguiu modificar seus contornos arquitetônicos, e também sua centralidade, que, como o próprio historiador define: pela história que possui, já merecia tal empreendimento, até porque perde-se toda a sua documentação com a transferência de sua sede da antiga vila para a nova sede, situada no sítio Jatobá, em 1936. 

Enfim, a cidade até então, não dispunha de um local adequado à prática da preservação de nossos valores, e agora está descortinada com uma entidade produtora cultural, de utilidade pública, sem fins lucrativos, cujo objetivo é preservar e divulgar a história local (memórias), através das diversas modalidades de fontes históricas – fotografias, livros, jornais, revistas, documentos escritos, etc. E além disso, abriu uma porta de forma escancarada para a inclusão, no ordenamento fundante brasileiro para a cultura piranhense, que há tempos necessita sair do poder gigante da inércia e se adaptar a uma cultura, integrando-se de maneira significativa a esse novo ambiente que ninguém tinha ousado em investir.

É o professor Marconi merecedor de elogios, cuja labuta como docente iniciou-se exercendo a função de Professor de História na Escola Estadual de 1º Grau Padre Dehon, no Bairro da Torre, em João Pessoa, muito embora lotado na Escola Estadual de 2º Grau Professora Úrsula Lianza (EEPU), em Tambiá, e, posteriormente, com a conclusão do curso de Licenciatura, prestou seus serviços de educador por vários anos. Como historiador tem vários trabalhos publicados, a exemplo de São José de Piranhas: Eleições e Partidos Políticos (1947-1964); ARENA Versus MDB (1965-1982); São José de Piranhas: Conselheiros, Intendentes e Prefeitos (1889-1945); MEMÓRIAS DO JATOBÁ CLUB (1944-2007); JOSÉ LACERDA NETO: UM RECORDISTA DE MANDATOS (1959/2009).

Por fim, para concluir a construção desse texto, não podemos deixar de registrar, duas homenagens merecedoras, já implantadas no Salão Cultural:

A denominação de um espaço de “AUDITÓRIO PROFESSOR MESSIAS FERREIRA DE LIMA”, e no espaço reservado as imagens e os documentos escritos, a justa denominação de “GALERIA HISTORIADOR DEUSDEDIT LEITÃO”.

Esse espaço, assim como outros espalhados pelo nosso país, só proporciona oportunidade para que as pessoas interajam, se conectem e construam laços entre si. Essa interação social é crucial para a consolidação do senso de comunidade, amenizando o isolamento social e promovendo a sua harmonia.

João Pessoa, junho de 2024.