O Jogo do Ano ou da Redenção-Artigo de Demétrius Faustino

O JOGO DO ANO OU DA REDENÇÃO

Demétrius Faustino

Há tempos o Palmeiras deu adeus a Libertadores da América; Não deu também para o Atlético Paranaense e nem para o Cruzeiro, eliminados que foram pelo Boca Junior e pelo River Plate, respectivamente. Dos nossos clubes, restam o Grêmio e Flamengo, cujo jogo pelas semifinais promete ser o mais interessante da temporada no Brasil. Ou seja, é a bola da vez, apesar do time gaúcho ter tropeçado diante do Bahia dentro de casa, e o Flamengo com um Castelão abarrotado de torcedores, ter sofrido para vencer o Fortaleza.

De fato, vimos um Flamengo sem inspiração, justificável em razão dos desfalques, mas com muita vontade. E ainda bem que o Flamengo não liberou Reinier para o Mundial sub-17, responsável pelo gol da vitória. Vale lembrar também, que Gabriel Barbosa, o Gabigol, vai traçando seu nome na história do Clube da Gávea com os muitos gols marcados em 2019. Com o tento marcado de pênalti em desfavor do Fortaleza, na vitória por 2 a 1, o goleador chegou aos 19 nesta temporada do Campeonato Brasileiro, igualando a marca de Adriano em 2009, ano em que o clube foi campeão brasileiro pela última vez. É o atual artilheiro do país.

Sem adentrar na seara dos pormenores táticos, não por serem insignificantes, mas por não serem o ponto nevrálgico desse contexto, se Flamengo e Grêmio no próximo dia 23 de Outubro atuarem nos melhores de seus níveis, o resultado será uma fotografia que vai nos remeter a momentos nostálgicos do que se pode chamar de “futebol brasileiro”. É voltar ao passado revivendo os traços da nossa brasilidade.

Li um artigo de um colunista, onde este descreve que o time gremista tem um estilo de querer ficar sempre com a bola, além de estar sempre atento a detalhes da partida, desde o arremesso lateral em uma zona sem perigo até a cobrança rápida de uma falta na intermediária, e conta também com a longevidade de Renato Gaúcho no comando da equipe, apesar do sucesso de Jorge Jesus. Concordamos. Mas o Flamengo, por sua vez, tem praticado um futebol fundamentalmente distinguido por suas peculiaridades mais admiráveis e deslumbrantes, e com uma quantidade de atletas top de linha juntos, algo provavelmente visto pela última vez no elenco do Corinthians entre 1998 e 2000.

Portanto, poderá ser o jogo do ano, ou da redenção de um dos Clubes, pois se der Grêmio, conhecido pela fama de “time copeiro”, este conquistará a taça pela quarta vez, e se der o rubro-negro da Gávea, será o seu segundo título, onde o único conquistado se deu no ano de 1981. Naquela decisão, o rubro-negro encarou o Cobreloa, do Chile. O Flamengo venceu o jogo de ida por 2 a 1 e perdeu a segunda partida por 1 a 0. No confronto de desempate, disputado no Uruguai, vitória carioca por 2 a 0, e a artilharia da Copa ficou por conta de Zico com 11 gols.
Mas diga-nos, torcedor: qual futuro você projeta para esse jogo?
Na opinião de Bob Faria, “O melhor futebol do país é o do Grêmio de Renato Gaúcho. Trabalho consolidado e com mais tempo em relação ao atual Flamengo. É um time que apresenta o mesmo nível de bom futebol (em torneios mata-mata), com jogadores menos badalados e que são frutos do ótimo trabalho da comissão técnica. Porém, o atual Flamengo com Jorge Jesus tem mais peças e mais possibilidades de jogar de formas diferentes num mesmo jogo”.

E na visão de Walter Casagrande “Hoje o Flamengo joga um futebol com mais repertório que o Grêmio. É um time que tem mais variações de jogadas e mais jogadores com individualidade, capacidade técnica alta. O Grêmio tem grandes jogadores, um futebol muito coletivo, de muita força e um jogador que desequilibra, que é o Cebolinha. Mas, como conjunto de futebol, hoje vejo o Flamengo jogando mais”.
Particularmente, entendemos que aquele que estagnar ficará superado.
João Pessoa, Outubro de 2019.