
Embora tardiamente, o nosso futebol avançou no quesito eliminação daquela fase de contratar/repatriar medalhões em fim de carreira e a peso de ouro, além de acabar com aqueles jogos que terminam depois da meia-noite.
Resta abandonar agora a ideia de fatiar entre empresários e investidores, promessas de craques advindos de categorias de base, porquanto vendidos cada vez mais jovens, e muitas vezes até antes de atuar pelos times principais. Sem esquecer das arquibancadas elitizadas por bilhetes excessivamente caros, calendários extravagantes, controle de direitos de transmissão das partidas, cartolas que administram a bola envolvidos em denúncias de corrupção, técnicos ultrapassados e sem inspiração.
Técnicos ultrapassados e sem inspiração? Nem tanto. No Flamengo, por exemplo, tem hoje um treinador, que embora não seja brasileiro, está fazendo a nação rubro negra sentir o cheirinho de campeão. Também pudera, além da capacidade, carrega no nome o que há de mais divino: Jesus. Sem deixar de lembrar, que se for necessário, enfrenta até dragão, afinal de contas o seu nome no mundo esportivo é simplesmente Jorge Jesus.
Não é à toa que a torcida que espera há várias edições a conquista de Campeão Brasileiro, vive o momento atual com mais convicção para alcançar esse objetivo. Com Jesus o time mais odiado do mundo reúne todas essas condições e requisitos. Basta conferir a tabela de classificação.
Em verdade e é fato, o Flamengo tem jogado nesse Brasileirão 2019, dentro daquele cenário traçado por Nelson Rodrigues. Ou seja, o time mais querido do Brasil tem estado em campo como um épico camoniano, numa luta heroica pela vitória com seus gladiadores uniformizados e cercados por sua torcida delirante. Não é à toa também, que é o “Campeão do 1º Turno” da competição, e semifinalista da Conmebol Libertadores.
Aliás, Nelson Rodrigues dizia que para um time ser campeão, não basta ter uma defesa intransponível, um meio de campo genial e um ataque assassino: é preciso também ter sorte, pois do contrário, é atropelado por uma carrocinha de chicabon. Ora, neste caso então, o Flamengo tem tudo isto, porquanto depois da tragédia ocorrida no Ninho do Urubu, e que preferimos chamar aquilo de “A morte dos Sonhos”, a sorte do Flamengo voltou e o nome dela se chama Jesus.
Mas parafraseando o outro português “jogar é preciso”, por isso que a luta e o choro têm que permanecer, ainda que seja intenso e silencioso, pois não vai ser fácil ser hepta.
Porém, esperamos que esse atual sonho se concretize, até porque as novas gerações ainda não tiveram a sorte e a alegria de ver o Flamengo Campeão Brasileiro, a exemplo dos meus filhos, que como o subscritor, só torcem por dois clubes na vida: Flamengo e Botafogo da Paraíba.
Era nascido e vi o Flamengo ser campeão de tudo. Foi aí quando passei a enxergar que a terra não é azul e sim vermelha e preta.
Como poeticamente escreveu Lamartine: “Eu teria um desgosto profundo se faltasse o Flamengo no mundo”.
Saudações a NAÇÃO RUBRO NEGRA (a torcida que tem preguiça de sofrer). Que venha mais uma rodada.
João Pessoa, Setembro de 2019.
