A CRÔNICA ESPORTIVA E O FUTEBOL
Demétrius Faustino
Foram os cronistas esportivos as peças fundamentais para a popularização do esporte no Brasil, notadamente o futebol, pois está repleto de repetições na boca de todos, de que esta modalidade esportiva faz parte da identidade brasileira. E é certo também, que nomes consagrados como Mário Filho, Nelson Rodrigues e João Saldanha, reverenciados por suas crônicas sobre esse nobre esporte nascido na Inglaterra, são as principais referências sobre o assunto. Sem esquecer que na Paraíba tivemos Ivan Bezerra como o nome mais consagrado.
E o pontapé inicial disto ocorreu na década de 1930, período em que o esporte se torna profissional no país, graças à divulgação da crônica esportiva de forma decisiva, quando das transmissões dos jogos pelo rádio e do aumento de espaço nos periódicos impressos, que à época ocuparia várias colunas das suas capas, tornando visível inclusive, um atleta em ação, da cabeça aos pés.

E na década de 1950, finalmente a controvérsia sobre se o futebol seria ou não parte da identidade brasileira foi pacificada, onde a crônica esportiva a partir dai, passou a ganhar prestígio, mormente através da simplicidade dos artigos escritos por Mário Filho e Nelson Rodrigues, pois antes destes, a maioria desses profissionais escreviam com excesso de requinte.
A crônica esportiva brasileira baseava-se muito na emoção, mas com a chegada da Televisão na década de 1950, ocorre uma cisão em relação ao gênero, onde de um lado, os chamados racionalistas preferiam escrever sobre a parte tática da modalidade, e de outra banda, os chamados apaixonados, estavam mais preocupados com os aspectos sociais ligados ao esporte do que com o jogo propriamente dito.
Atualmente, percebemos uma visível falta de inventividade, pois a maioria dos cronistas não inovam. Ao contrário, continuam a citar as criações dos pioneiros, a exemplo das expressões inseridas no imaginário brasileiro “pátria em chuteiras”, “complexo de vira-lata”, “se macumba ganhasse jogo Campeonato Baiano terminava empatado” “se concentração ganhasse jogo time da penitenciária não perdia um”, etc, em vez de criar as suas. Mas também pudera, uma coisa é falar ou escrever sobre Pelé, Garrincha, Didi, Bellini, Nilton Santos, Zico, Falcão, Sócrates, e tantos outros, e outra é falar ou escrever sobre os contemporâneos que atuam pelos nossos clubes enquanto não se mandam até para as Filipinas.
Nesses novos tempos a mídia impressa perdeu espaço para as transmissões abarrotadas de pormenores que os meios audiovisuais podem ofertar ao espectador, a exemplo do enaltecimento das estatísticas para explicar desenlaces ocorridos nas partidas.
Enfim, não vislumbramos renovação no estilo e nem percebemos um empenho em aconchegar a crônica da literatura. Mas apesar dessa ausência, o jornalismo esportivo continua sendo uma honrosa missão repleta de responsabilidade social.
João Pessoa, 26 de Setembro de 2019.
