DEUS SALVE O RIO GRANDE
Demétrius Faustino
Cada vez mais tem sido necessário lembrar aos governos de que são responsáveis por medidas inclinadas a encarar de frente os efeitos das mudanças climáticas. Os Estados têm uma imensa responsabilidade quanto a instituir ações que diminuam os efeitos dessa mudança. Ela não é uma questão exclusivamente ecológica, porquanto é também uma questão de direitos humanos.
As mudanças climáticas representam o maior perigo que ronda hoje a humanidade. E o exemplo atual no Brasil está no Rio Grande do Sul, onde as chuvas intensas trazem consequências que afetam diversos aspectos da vida e do meio ambiente. É fundamental que haja esforços contínuos para entender e combater as mudanças climáticas, minimizando seus impactos negativos e protegendo as comunidades e ecossistemas do Rio Grande do Sul.
E este cenário não é exclusivo da Capital gaúcha, pois ele se espalha pelo interior do estado, inclusive com extensas áreas desastradas causados pelas chuvas que caem torrencialmente na região. E o fenômeno não é novo.
Sem olvidar que, quanto os estragos da chuva já custaram é um dado que não foi publicado na íntegra. Nem sabemos se alguém consolidou essas perdas, mas, de qualquer forma, é ver a violência das águas transformando as ruas em leitos de rios para se ter certeza de que estamos falando de bilhões de reais, se a soma englobar o Rio Grande do Sul inteiro.
E o dado mais triste é que as maiores vítimas dos temporais são as pessoas menos favorecidas, milhares das quais perderam tudo o que possuíam, destruído pelas enxurradas que se apresentam sem a cerimônia de quem sabe que é a mais forte.
Dizer que o local mais atingido foi aqui ou foi ali é indiferente, especialmente para as vítimas das tempestades. Para elas tanto faz se choveu mais em outro lugar. A chuva que caiu onde elas moram e os ventos que assolaram suas residências são o que importa. Os dados estatísticos não têm nenhum valor para quem perdeu tudo, vítima de um evento climático que levou as lembranças, os sonhos e todas as possibilidades de uma vida melhor. Para elas a pergunta é: “e agora, como recomeçar?”
Como o Brasil praticamente não tem seguro para esses riscos, a única opção é o auxílio do governo. Uma alternativa relativamente barata seria a criação de um seguro social destinado a socorrer as vítimas desses eventos, o que não é uma ideia mirabolante, mas tem projeto no Congresso adormecido. As seguradoras têm capacidade para darem conta do recado. Só falta a vontade política de realmente assistir os mais pobres em suas necessidades reais.
Como o Brasil efetivamente não tem um sistema hábil e eficaz de enfrentamento de eventos dessa natureza, quer pela ocupação desorganizada do solo, quer pela morosidade das autoridades no atendimento das vítimas, quer na reparação dos danos sofridos, de fato, a proposta de um seguro social para tragédias é uma solução inteligente, e descomplicada de ser realizada, e que dá permissão, acima de tudo, que as vítimas possam dispor de recursos imediatamente após sofrerem o dano e assim tomarem as providências que acharem mais apropriadas.
João Pessoa, maio de 2024.