No dia seis de maio de 1954, na pequena e aconchegante cidade de Itabaiana PB, nasceu Ademar Lucena Filho, o popular goleiro “Ademar”. Em 1965, com apenas onze anos de idade, ele ingressou no antigo futebol desalão da equipe do CONCA – Círculo Operário Núcleo de Cruz das Armas, celeiro de grandes jogadores da bola pesada. Em decorrência de suas defesas e segurança nas quadras de salão, Ademar jogou e trabalhou na Cherry Calçados, Banco do Comércio e Industria da Paraíba como forma de disputar o antigo campeonato dos comerciários.
Com as cores da antiga Escola Técnica Federal da Paraíba, ele foi campeão dos VII JEBEM – Jogos Brasileiros do Ensino Médio, e com a tradicional camisa do Esporte Clube Cabo Branco, Ademar conquistou o título de campeão paraibano de futebol de salão, no ano de 1973, dividindo a posição com os excelentes arqueiros e irmãos Givaldo e Givanildo (Babá) Leal de Menezes.
No futebol de campo, a sua carreira iniciou-se em 1968 no Santos Futebol Clube de João Pessoa, o tradicional e histórico Santos de Tereré. Foi ali, com José Walter Marsicano a sua grande escola no futebol, onde cada dia era um aprendizado a mais. Com bastante saudosismo, Ademar lembra que o presidente do Santos pagava os seus livros escolares como forma de mantê-lo na agremiação, não prejudicar no conhecimento intelectual e não contrariar os seus respectivos familiares. Em 1973 ele encerrou o seu ciclo no alvinegro de João Pessoa e foi contratado pelo Clube Náutico Capibaribe, onde conquistou o campeonato estadual do ano de 1974.
Ademar jogou profissional no Clube Náutico Capibaribe até o ano de 1980, quando concluiu o seu curso de Educação Física na UFPB e resolveu pendurar as suas chuteiras e luvas. Todavia, ele ainda tinha muito a contribuir com o nosso futebol, pois sempre foi um estudioso da matéria, acarretando na sua contratação para integrar a comissão técnica do alvirrubro dos Aflitos, conquistando o bi-campeonato pernambucano nos anos de 84/85.
Em 1986, o nosso homenageado foi contratado pelo rival Sport Club do Recife para treinar o goleiro recém contratado, Emerson Leão, e teve oportunidade de ser campeão brasileiro de futebol profissional, em 1987. Ele foi o responsável pelo lançamento de vários goleiros das divisões do clube da famosa Ilha do Retiro, como Bosco e Gilberto (ex São Paulo-SP) entre outros.
Em 1990 ele retornou para os Aflitos e foi novamente campeão estadual. E quando foi no ano de 1993, Ademar mais uma vez foi contratado pelo Sport Club do Recife e participou da conquista do título estadual de1994.
Em 2000, assumiu a Gerência de Futebol das divisões de base do Sport Club do Recife, exercendo esse cargo até o ano de 2005, quando resolveu se afastar do futebol e se dedicar a carreira acadêmica, fazendo ocurso de Pós-graduação na UPE, Mestrado na Universidade do Porto, em Portugal e doutorado na UFPB e UPE. Sendo o primeiro ex-jogador de futebol profissional de Pernambuco com título de doutor.
Durante a sua carreira futebolística Ademar trabalhou com vários e renomados treinadores, como Danilo Alvim, Duque, Valdemar Carabina, entre outros. Contudo, os treinadores que mais marcaram foram os mestres Orlando Fantoni e Ênio Andrade.
Uma partida que marcou muito a carreira de Ademar, ocorreu no início do ano de 1979 quando o Clube Náutico Capibaribe se aventurou em uma excursão ao exterior, com vários jogos em diversos países. Depois de enfrentar inúmeras escalas, pousos e aeroportos a equipe chegou extremamente exausta ao país de Trinidad – Tobago, no Caribe, para enfrentar o seu primeiro adversário, um time denominado Cosmos.
O que esqueceram de dizer aos jogadores do Náutico – a maioria prata de casa e em início de temporada, sem o mínimo de entrosamento – era que aquele adversário era o temido New York Cosmos de Pelé, Beckenbauer, Carlos Alberto Torres, Marinho Chagas, Chinaglia, Romerito e Neesken.
O alvirrubro dos Aflitos foi buscar garra em suas tradições históricas, organizou uma forte retranca e conseguiu um heróico empate sem gols, contrariando todos os prognósticos e apostas, graças a performance do goleiro Ademar, que entre diversas defesas conseguiu milagrosamente defender uma cabeceada do artilheiro Chinaglia.
Para nós torcedores, cronistas e desportistas ficou a certeza de que Ademar Lucena Filho, o popular “Ademar”, escreveu o seu nome com tintas douradas e perpétuas na brilhante história do futebol paraibano.