ARTIGO de DEMÉTRIUS FAUSTINO: Tempos de Pandemia

TEMPOS DE PANDEMIA

Demétrius Faustino

Por que você está assim tão triste, ó minha alma? Por que está assim tão perturbada dentro de mim? Ponha a sua esperança em Deus! (Salmos 42:5).

Em tempos de pandemia, e diante de um inimigo comum em escala planetária, cuja travessia ainda é longa e imprevisível, a melhor forma de ajudar o semelhante é ficando em casa, pois a hora é de um olhar para o outro dentro de quatro paredes e esquecer o mundo lá fora. Tenho sentido medo, nesses dias. Olho as ruas desertas através da mídia, e percebo uma humanidade vulnerável. Esse vírus causador de infecções respiratórias calou os abraços, o aperto de mão, o toque de lábios entre pessoas e outras formas de beijos, os afagos necessários, cessou as visitas, as viagens, as reuniões entre amigos, e até entre inimigos. Confesso que não estou preparado para esse tempo, e penso que ninguém está.
Procurar preencher o tempo que custa a passar tem sido a meta, pois quem assim não o fizer, fica com a sensação de abandono, solidão ou angústia, mesmo estando com a família em casa. Pelo menos é o que tem dito alguns amigos meus, principalmente os que são avôs. Estes tem demonstrado que a angústia ainda é maior, pelo fato de estar separado dos netos.
Estou em casa com esposa e filhos, é bem verdade, mas não nego que vez em quando estou sozinho, com um monte de pensamentos que, há tempo, não pensava, e ato contínuo se perdem nas inseguranças. Estava até amnésico com o som do silêncio, apesar dos barulhos das tecnologias.

Nesses momentos, rascunho ideias em mim, e me alimento da fé, pois mesmo sabendo que nossa Terra está à beira da convulsão, creio que devemos tentar não entrar em pânico, pois as intervenções divinas, darão conta de tudo isso.
Escuto o alarde de quem está sozinho se queixando da solidão, e o de quem está acompanhado reclamando da companhia. Quanto tempo ainda ficaremos assim?
Que vírus é esse que botou o mundo em estado de alerta? O que será do mundo amanhã?
Será que essa pandemia nos está alertando que assim como estamos nos comportando não podemos continuar?

Mas o pior é a estupidez humana perseverando em fazer tábula rasa da ciência, tomando decisões com base unicamente nas suas opiniões e intenções, repelindo resultados de pesquisas técnicas, e vendendo ilusões, pretendendo aparecer como o salvador da pátria.
João Pessoa, Semana Santa, abril de 2020.