A MADRUGADA DE 28 DE JULHO DE 1938 – Confira i novo artigo de Demétrius Faustino

A MADRUGADA DE 28 DE JULHO DE 1938

Demétrius Faustino

Neste 28 de julho de 2023, completa-se 85 anos da morte de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, o mais famoso cangaceiro brasileiro.
O capitão como gostava de ser chamado, reinou no cangaço entre 1920 e 1938, muito embora a origem desse fenômeno, o anteceda, já que muito antes dele (Século XVIII), já existiam bandos armados agindo no sertão, particularmente na área onde vingou o ciclo do gado no Nordeste, região onde campeava a violência, a lei dos coronéis, a miséria e a seca.
Pois bem. Após a invasão de Piranhas (AL) por Gato, Moreno e Corisco em 1936, a perseguição aos cangaceiros se tornou mais enfurecida. O astuto Virgulino Ferreira da Silva, se safava das volantes utilizando os limites territoriais entre Alagoas, Sergipe e Bahia, tendo o Rio São Francisco e as caatingas como pontos estratégicos, e nessas condições conseguiu estabelecer um contingente de coiteiros.
Entretanto, vale recordar que antes do combate do Angico, Lampião estava retraído, escondendo-se ora na margem sergipana, ora na margem alagoana do Velho Chico, sendo seu último grande confronto com forças volantes em meados de 1937, na Lagoa do Domingos João, pertencente ao município sergipano denominado Canindé do São Francisco.
No ano seguinte, ou melhor, na madrugada do dia 28 de julho de 1938, na margem sergipana do Rio São Francisco, em Angicos, estoura o tiroteio sob a ação conjunta entre as volantes do Tenente João Bezerra da Silva, do Aspirante Francisco Ferreira de Melo e do Sargento Aniceto Rodrigues, todos da polícia alagoana em que morreram Lampião, Maria Bonita, Luiz Pedro, Quinta Feira, Elétrico, Mergulhão, Enedina, Moeda, Alecrim, Colchete, Macela e o soldado Adrião Pedro de Souza. Os outros cangaceiros conseguiram escapar, diante da confusão, neblina e fumaça.
As cabeças dos cangaceiros mortos foram salgadas e colocadas em sacos, pendurados em caibros e transportadas pelos soldados até o rio São Francisco. Os corpos dos bandidos eliminados ficaram amontoados sob pedras.
Os sacos com as cabeças subiram o rio em canoa até à cidade alagoana de Piranhas onde ficaram expostas na calçada da prefeitura. Depois as cabeças foram exibidas ainda em várias cidades como Santana do Ipanema, Palmeira dos Índios, Maceió e em alguns povoados.
Com a morte do chefe, os cangaceiros que escaparam do massacre tomaram três destinos diferentes: uns se entregaram à polícia, outros procuraram fugir para destinos como São Paulo e, outros ainda, bem poucos, continuaram perambulando sem rumo certo pelas caatingas.
Oficialmente é considerado extinto o fenômeno Cangaço no Nordeste, consolidando-se com a morte de Corisco, dois anos depois.
A versão oficial aponta como assassino de Lampião, o Sr. Antonio Honorato da Silva (Noratinho), guarda-costas do aspirante Francisco Ferreira de Melo. Entretanto, após quatro décadas de pesquisas, o historiador Frederico Pernambucano de Mello, biógrafo de Lampião e considerado juntamente com Antonio Amaury, os maiores especialistas em cangaço no Brasil, revela que a identidade do carrasco do cangaceiro é outra. Seu nome: Sebastião Vieira Sandes, o Santo, também apelidado de Galeguinho.
João Pessoa, 28 de julho de 2023.