Na semana retrasada, aqui nas centenárias páginas do jornal A União, eu explicava aos leitores os motivos que me levaram a não frequentar mais o campo de futebol e a chatice que o mesmo se transformou. Como a repercussão foi muito grande, volto hoje a novamente dissecar sobre o tema, criando uma “parte II” do artigo.
Como posso gostar de um futebol que não é jogado para frente e sim para os lados? Que o drible e o lançamento em profundidade foram atrofiados? E quando a bola é cruzada para dentro da área, misericórdia, começa um empurra-empurra, socos, tapas e cotoveladas que deixaria os antigos lutadores do telecatch Montilla (Ted Boy Marino, Verdugo, Índio Paraguaio, Múmia e Mongol) com saudades do ringue da programação noturna da antiga TV Tupi.
Por falar em violência, bandos de criminosos travestidos de torcidas organizadas brigam e se matam antes, durante e depois das partidas, independente de resultados, chegando ao cúmulo de agredir torcedores do mesmo clube, porém de facção diferente. Cadê a resposta do estado brasileiro? Nenhuma. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
E se não bastasse tudo isso, contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol, a toda poderosa CBF, existem inúmeras denúncias em desfavor da sua administração, se é que podemos chamar isso de administração. Aliás, uma revista denominada de Piauí, denunciou que os atuais presidentes das federações estaduais recebem cerca de 215 mil reais por mês da CBF, como forma de blindar a sua tenebrosa gestão. A denúncia foi divulgada no início do mês de abril e até a presente data não foi contestada pela CBF nem pelos “ilustres” presidentes das federações. Quem cala consente, dizia seu Ernesto, antigo inspetor colegial da minha adolescência.
Onde estão as associações e sindicatos dos jogadores de futebol profissional? Onde estão as inúmeras associações de cronistas esportivos? Onde estão as associações dos árbitros de futebol profissional? Onde estão os tribunais de justiça desportivos? E os dirigentes de clubes? Essas entidades precisam sair desse negligente silêncio e assumirem o seu importante papel nos destinos do nosso futebol. Lembro a essas doutas entidades que “A omissão é o pecado que se faz não fazendo”, assim nos ensinou o Padre Antônio Vieira quando escreveu os festejados “Os Sermões”.
Agora, ainda recordo com muita saudade de um jogo da seleção brasileira realizado no Maracanã na década de 70, quando surgiu uma falta a nosso favor. Rivelino, Zico, Nelinho e Marinho Chagas se aproximaram para a cobrança. De repente, a televisão focou a fisionomia apreensiva do goleiro adversário, não lembro quem era, mas ele parecia um aflito condenado a fuzilamento sendo encaminhado ao paredão. Época de futebol de verdade, futebol raiz, bonito de se assistir. Até na hora de se festejar o momento mais precioso e importante de uma partida de futebol, que é o gol, eles conseguiram fazê-lo feio, sem graça e sem brilho. Parece mais uma companhia de teatro amador ensaiando coreografias.
Poxa, como ficou chato e feio o nosso futebol!
Serpa Di Lorenzo