O ANO DE 2023 E O QUE PROMETE 2024
Demétrius Faustino
Ainda bem que o ano de 2023 chega ao fim, ano que não vamos sentir saudade já que foi deveras complicado, dentro e fora do Brasil. No cenário interno tivemos muitas divergências entre os poderes; tivemos também decisões que assustaram os brasileiros e atos de selvageria que nos deixaram abismados, estarrecidos como a invasão e a destruição das casas dos três Poderes, no famigerado 8 janeiro.
O Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Palácio do Planalto, sede da Presidência da República, tiveram móveis e objetos históricos quebrados, obras de arte vandalizadas e até mesmo armas roubadas. Foi o episódio mais triste, deprimente e vergonhoso da democracia brasileira contemporânea, e com certeza será lembrado e cobrado ao longo da história. É o inacreditável espetáculo da ignorância, que se repetiu numa prova manifesta de tentativa de golpe de Estado.
Em 2023, o Brasil e o mundo lamentaram a perda de figuras representativas. O jornalismo se despediu da contribuição ímpar de Glória Maria, o teatro perdeu o riso contagiante de Aracy Balabanian, a música disse adeus à irreverência de Rita Lee, o cartunista Paulo Caruso nos deixou aos 73 anos em março.
No mundo, a guerra da Ucrania seguiu matando milhares de pessoas, sem apontar um sinal sequer, de que está perto de acabar. E pra variar, uma guerra nova, no Oriente Médio, tomou o lugar da guerra da Ucrania nas manchetes da grande mídia, e que pode transformar-se num conflito regional com graves consequências políticas e econômicas. O ataque terrorista do Hamas contra Israel levou a uma reação justa, porém, excessiva, causando danos ao atingir alvos não pretendidos.
São muitos temas, e não queremos fazer aqui a retrospectiva da Rede Globo. Porém, não podemos deixar de registrar as devastações causadas pelas mudanças climáticas, entre incêndios florestais, secas, chuvas em demasia, furacões, tormentas de todos os tipos, onde a natureza auferiu um preço altíssimo, causou danos de trilhões de dólares e propõe seguir na mesma pegada ao longo das décadas seguintes, com resultados negativos para a qualidade de vida do ser humano sobre o planeta em que vivemos.
Com todo respeito a Jorge Luís Borges, e ao seu personagem Funes, o Memorioso, desse mundo, queremos uma memória distante.
Mas isso não quer dizer que só tivemos tragédias. É preciso dizer, que algo de bom também ocorreu, a exemplo de que a nossa democracia está de pé, com a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, apesar dos retrocessos existentes num tempo não muito longínquo. Sem esquecer que a aprovação da reforma tributária abre um novo horizonte otimista para o futuro do país.
E com certeza há outros acontecimentos bons, capazes de respirarmos ar puro e celebrarmos o ano velho, a exemplo do lançamento do disco Estrelas da Paraíba, dos compositores Demétrius Faustino e Irapuan Sobral, cuja proposta ao todo é de um álbum de fotografias sonoras, que deve ser ouvido como quem passa páginas de um álbum de fotografias comentando cada imagem. Trata-se de um trabalho que começou com poesia, se transformou em melodia, e floresceu mais ainda com os arranjos.
Pois bem. Não é uma unanimidade, mas tem gente de peso asseverando que o nosso país surpreenderá, e que o ano que entra será muito melhor do que as previsões.
Nesse ano bissexto (2024), esperamos um verdadeiro ano novo, como já foi num tempo pretérito, em que passamos por períodos de verdadeira bonança, ventos favoráveis, tripulação otimista.
João Pessoa, dezembro de 2023.