NATAL
Demétrius Faustino
Reporta ao quarto século, tempo significativo em que o cristianismo se tornava cada vez mais prestigiado no Império Romano, a predileção pelo dia 25 de dezembro para comemorar o nascimento de Jesus, data essa escolhida para coincidir com as celebrações pagãs do solstício de inverno, que eram muito populares na cultura romana.
Entretanto, não existe nenhuma comprovação de que Jesus nasceu em 25 de dezembro, data em que comemoramos o Natal.
A própria Bíblia Sagrada não fornece uma data específica para o nascimento do nosso Salvador, porquanto apenas indica que ele nasceu em uma época em que os pastores estavam nas colinas, o que preconiza que não era uma época de inverno, quando os pastores não estariam pastoreando seus rebanhos no campo. A Sagrada Escritura apenas oferece algumas informações que permitem “intuir” uma data mais ou menos aproximada. Os próprios evangelistas não dão muita importância a esta data de nascimento.
O Mons. Nicola Bux, autor de Gesù il Salvatore: Tempi e luoghi della sua venuta nella storia, relata que é possível ter uma ideia (ao menos provável) da época em que Zacarias, pai de S. João Batista, estava servindo no Templo de Jerusalém quando lhe foi anunciado o nascimento do Precursor.
Já os historiadores destacam que colocar a celebração do Natal no dia 25 de dezembro era uma forma de esvaziar a festividade pagã e garantir fiéis ao cristianismo.
Particularmente, entendemos que a celebração do Natal em dezembro tem mais a ver com a tradição e simbolismo do que com uma data histórica precisa.
Em verdade, o significado e a importância do Natal vão além de uma questão de calendário, representando a mensagem de amor, paz e esperança trazida por Jesus Cristo.
Entretanto, assim como milhares de pessoas durante a semana da páscoa só pensam no ovo de chocolate, até porque coelhos não botam ovos, no Natal o pensamento gira em torno dos presentes/prendas, e a ilusão de que o espírito natalino é capaz de sobrepujar todo e qualquer percalço. Mas onde fica Jesus Cristo nessa história?
Quem vai aos grandes shoppings brasileiros, por exemplo, e a fim de ver as decorações e apresentações do Natal, vê luzes, pisca-pisca, estrelas, neve, ursos polares, duendes e gnomos coloridos, Papais Noéis de todos os tipos, danças, apresentações teatrais… Mas, e o Menino? Não há nenhuma (nenhuma, mesmo!) alusão ao Natal de Cristo!
De toda forma, é tempo de celebrarmos Cristo e não a nós mesmos. É tempo de nos curvarmos diante dele para adorá-lo, como o fizeram os magos do Oriente e não fazermos celebrações para nós mesmos. Deus nos amou de tal maneira que nos deu seu próprio Filho Unigênito, para que nele pudéssemos ter a vida eterna. Eis o conteúdo do Natal! Eis o propósito do Natal!
João Pessoa, dezembro de 2023.