OS EFEITOS DA MUDANÇA CLIMÁTICA – Confira o novo artigo de Demétrius Faustino

OS EFEITOS DA MUDANÇA CLIMÁTICA

Demétrius Faustino

Durante a pandemia restou demonstrado que num futuro não longínquo, o que se puder fazer para diminuir a necessidade de locomoção e, portanto, afetar positivamente o desconforto, por exemplo, do trânsito, deverá ser feito.
O Poder Judiciário, por exemplo, comprovou que as audiências online solucionaram inúmeras questões, como a realização de acordos considerados irreconciliáveis; reduziu as adversidades de localização de vítimas e testemunhas; o aumento das respostas jurisdicionais que impediam o processo de transitar em julgado; a desnecessidade de paramentação, tomada de condução, perda de tempo no trânsito etc. São coisas que a ciência não sabia e aprendeu durante a pandemia.
O Tribunal de Justiça da Paraíba, por exemplo, foi um dos primeiros do país a praticar o projeto Juízo 100% Digital. Com a realização da audiência 100% digital, além da própria audiência que é realizada por meio de algum software de reunião virtual, os atos processuais como intimação, citação também são realizados por meio eletrônico.
E se não for agora, por aqueles que tem liberdade de decidir, será mais tarde, muito embora de forma traumática, pois as cidades não suportarão em grande parte os efeitos funestos da mudança climática.
Ora, quando os dias forem enlutados pelas fumaças, pelas queimadas criminosas, quando as pessoas não conseguirem respirar, então talvez os patrões, os chefes, as autoridades turronas cheguem à conclusão de que é melhor deixar o funcionário em sua residência, embora dele exigindo produtividade.
Somente um estado de ignorância que costuma acometer os chefes, é que exige presença contínua no ambiente de trabalho, pois é importante já ir pensando em modalidades de racionalização dos serviços, como a redução da jornada de trabalho, permanentemente, para quatro dias, por exemplo. Já existe uma empresa, a 4Day Week Global, que incentiva os trabalhadores a discutirem o tema com seus patrões.
Isso se deve ao fato de o mundo não estar cumprindo o compromisso de reduzir as emissões de gases, pois nem mesmo os confinamentos durante a pandemia interrompeu o avanço da mudança climática de forma suficiente, para impedir o aumento da temperatura. Por isto que uma alternativa seria a semana de quatro dias, o que representa menos deslocamentos, gastos de energia, combustíveis fósseis e potenciais mudanças de hábito.
Prova disto são as pesquisas realizadas por cientistas da Universidade de Reading, na Inglaterra, onde a conclusão foi a de que se todas as empresas e organizações do Reino Unido passassem a adotar a semana de quatro dias, os deslocamentos para o trabalho diminuiriam em mais de um bilhão de quilômetros por semana.
Em países desenvolvidos, como Holanda, Nova Zelândia, Irlanda, Noruega e Emirados Árabes, ao lado do Reino Unido, já adotam o sistema.
Ainda bem que em São Paulo, empresários inteligentes já fazem isso. Escalona o dia a mais de descanso às sextas e às segundas, e desse modo, o trabalhador tem sempre quatro dias de trabalho e três de folga seguidos. E a empresa não interrompe suas atividades sequer por um dia.
É imprescindível que o governo brasileiro, em todos os níveis, implemente tal sistemática, pois é fato que em todas as repartições existem momentos de pico e momentos ociosos. Sem falar no excesso de pessoas contratadas (especialmente as por excepcional interesse público), para dar a impressão de que existe serviço invencível, quando serviço deste tipo só tem na saúde.
Mas o terrível disso tudo é que confiar no funcionário e permitir que ele tenha jornadas à distância é algo impensável para a gasta burocracia tupiniquim. Contudo, a necessidade obrigará a conversão dos retardados, que querem os subordinados a seus pés e sob seus cipós de aroeira.
Chegará o dia em que isso – semana de 4 dias ou trabalho remoto – será obrigatório até para os mais procrastinadores. O tempo é o senhor da razão.
João Pessoa, outubro de 2023.