JATOBÁ NO AR – Confira o novo artigo de Demétrius Faustino

JATOBÁ NO AR

 

Demétrius Faustino

 

A implementação do rádio no Brasil, como é de conhecimento, ocorreu na década de 1920, e a frase “o rádio vai morrer” acompanha as evoluções, como a TV, computador, smartphone etc. Ou seja, a importância do rádio como veículo de comunicação é inegável. Ainda hoje, ele se apresenta como uma das mídias mais democráticas, oferecendo acesso à informação para pessoas de todos os lugares, níveis socioeconômicos e condições culturais.

Não estamos mais na era de ouro do rádio, é bem verdade, mas os programas inovadores alcançam grandes audiências, em razão de levar informação e entretenimento, de maneira rápida e acessível à população. Ou seja, o rádio continua relevante nos dias de hoje, apesar de vivermos em um cenário de ascensão das mídias digitais.

A história da cidade de Cajazeiras, cidade do alto sertão paraibano, por exemplo, não pode ser contada sem a citação dos programas de rádio, tão escutados pela população e que são presença constante no cotidiano de todos. Não é à toa que Cajazeiras possui um celeiro de radialistas que iniciaram a sua labuta na cidade que ensinou a Paraíba a ler, e em razão de seus desempenhos migraram para centros maiores.

E o que mais atrai (e sempre atraiu) os amantes do rádio é, certamente, os programas musicais de qualidade, e é dentro dessa seara, que em São José de Piranhas, ou simplesmente Jatobá como preferem chamar os seus filhos, que talentos estão sendo revelados dentro desse contexto.

Basta sintonizar as rádios Jatobá FM, Mangabeira FM e Rádio Alto Piranhas, aos sábados e domingos, para perceber que estas emissoras estão coalhadas de bons programas dedicados a divulgar a boa música, onde apresentadores nascidos em SJP, como Tico Cunha, Estevam Neto e Romeu Antonio (este já apresenta o programa “Encontro com Nelson”, há décadas), com uma variação linguística evidenciando a riqueza do vocabulário sertanejo, demonstram que a música de qualidade, é o carro chefe na lauda radiofônica, notadamente a canção popular, em que há a compatibilização entre melodia e letra, para que seja garantida a eficácia das audiências. São músicas que conseguem trazer sentimentos muito diversos para aqueles que as ouvem.

É um verdadeiro elenco de músicas devidamente selecionadas e tocadas por blocos de aproximadamente 10 minutos, deixando a programação das rádios ainda mais profissional.

Tais programas nos fazem relembrar a década de 80, período que mantínhamos constantes contatos com a MPB, através do rádio, e ouvíamos, de preferência, a Rádio Globo AM, Sociedade da Bahia e Rádio Clube de Pernambuco.

Engana-se quem pensa que o rádio está prestes a morrer. Muito pelo contrário, o veículo foi e ainda é consumido por grande parte dos brasileiros, seja na internet ou de modo offline

João Pessoa, março de 2023.